Assine SUPER por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Como foi a ocupação moura da península Ibérica?

Domínio influenciou a história europeia por séculos

Por Roberto Navarro
Atualizado em 6 mar 2024, 09h27 - Publicado em 18 abr 2011, 18h56

Ela foi longa na duração e rápida na conquista. Os mouros precisaram de menos de uma década para dominar a região – que permaneceria sob seu controle durante quase oito séculos. A invasão começou em 711 e três anos depois já dominava a maior parte do território da península Ibérica, para terminar definitivamente apenas em 1492. O curioso é que essa ocupação foi incentivada pelo mesmo povo que habitava a região. Os visigodos, como eram chamados, tinham origem germânica, mas haviam se convertido ao cristianismo e viviam envolvidos em disputas internas. Por causa dessa rivalidade, uma facção de visigodos resolveu pedir ajuda ao líder árabe Musa ibn Nusayr, que dominava o norte da África. Musa não só atendeu ao pedido como aproveitou para tomar toda a península. Durante mais de 20 anos, o avanço mouro enfrentou pouca resistência e só foi barrado pelos francos, povo cristão que habitava o território francês, a menos de 300 quilômetros de onde hoje fica Paris.

A tentativa de dominar o resto da Europa foi detida, mas a ocupação da península Ibérica, não. Mas quem, afinal, eram os mouros? Tratava-se de um povo africano que vivia onde ficam hoje o Marrocos e a parte ocidental da Argélia. O termo vem do latim maures, que significa “negro”, em referência à pele escura da população que havia sido dominada pelo Império Romano no século I a.C. No início do século VIII d.C., os mouros se converteram ao islamismo após o contato com árabes vindos do Oriente Médio para espalhar os mandamentos do profeta Maomé. A religião que os mouros levaram consigo ao invadir a península Ibérica contribuiria, porém, para sua expulsão da Europa. Foi o sentimento antimuçulmano que fez crescer, nos territórios cristãos ocupados, a resistência aos invasores a partir do século XI, principalmente no norte da Espanha. Ali ficava o reino de Castela, onde surgiu o líder militar El Cid, consagrado herói na luta pela libertação de seu povo.

A “reconquista” – como os historiadores batizaram a ofensiva contra os mouros – ganhou força nos dois séculos seguintes e, por volta de 1250, os cristãos conseguiram recuperar a maior parte da península. Alguns mouros ainda resistiram na cidade de Granada, na Espanha, até 1492, data que marca o fim do domínio muçulmano na região. Mesmo assim, os mouros deixaram ali uma forte herança cultural – e não à toa, pois os árabes eram, na época, a vanguarda científica do planeta. A arquitetura e a engenharia naval são apenas dois exemplos da fértil contribuição dos invasores aos futuros impérios mundiais estabelecidos pelos navegadores espanhóis e portugueses. Além disso, estilos musicais como o flamenco e o fado nasceram influenciados por ritmos e instrumentos mouros – o violão, por exemplo, deriva de antigos instrumentos árabes.

Além disso, as traduções feitas por eles de textos clássicos gregos e latinos possibilitou a recuperação dessas obras para a Europa renascentista, após muitas delas terem se perdido na Idade Média.

Continua após a publicidade

LEIA TAMBÉM:

– O que foi a Inquisição?

– O que é o País Basco?

– Quem são e de onde vêm os ciganos?

– O que foi o Império Otomano?

Influência decisiva

Invasão árabe enriqueceu a cultura européia

Mestres Navegadores

Foram os mouros que aperfeiçoaram o astrolábio, instrumento de origem grega que permite a orientação em alto-mar pela observação de estrelas. Sua ciência náutica teve grande influência sobre a Escola de Sagres, em Portugal, de onde saíram os oficiais e marinheiros das navegações da Era dos Descobrimentos

Porta de entrada

Em 711, o general mouro Tariq ibn Ziyad atravessou o mar entre Marrocos e Espanha, desembarcando num cabo rochoso. O local foi batizado de Jabal Tariq (“Monte Tariq”, em árabe) – nome que mais tarde viraria Gibraltar. Foi daqui que os mouros partiram para invadir a península

As rotas da invasão

Após o desembarque em Gibraltar, os mouros tomaram o sul da Espanha e marcharam para Toledo. De lá, avançaram em direção ao nordeste e ao norte. Logo invadiram também a região central de Portugal e, em 714, a maior parte da península já estava ocupada

Reação Cristã

A Batalha de Covadonga, em 720, trouxe a primeira grande derrota moura. Seu principal personagem foi o espanhol Pelayo, fundador do reino cristão de Astúrias, que conseguiu resistir a fortes ataques dos exércitos muçulmanos, muito superiores numericamente

Marco arquitetônico

A última cidade a permanecer sob o domínio dos mouros caiu diante dos espanhóis em 1492. O palácio-fortaleza de Alhambra permaneceu, porém, como a maior herança da sofisticada arquitetura moura na península Ibérica – suas fontes, jardins internos e salões com paredes decoradas por poemas escritos em árabe e louvando Alá são ainda hoje uma das maiores atrações turísticas da Espanha

O maior domínio mouro

Essa cidade francesa marcou o limite máximo da expansão moura no continente europeu. Em 732, os francos, liderados por Charles Martel, derrotaram os muçulmanos na Batalha de Tours. A vitória de Martel foi decisiva para a história da Europa, evitando sua total ocupação islâmica

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

A ciência está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por SUPER.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.