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Como a saga de Harry Potter representa as dores do amadurecimento

Uma explicação nada mágica para o sucesso de Harry Potter: sua jornada em Hogwarts é uma representação das dores do amadurecimento

Por Giselle Hirata
Atualizado em 22 fev 2024, 10h33 - Publicado em 13 nov 2015, 16h59

ilustra João Lauro Fonte

edição Marcel Nadale e Tiago Jokura

PRIMEIRA PARTE DA MATÉRIA LENDO NAS ENTRELINHAS

– Ursinho Pooh, o porta-voz da garotada

CRESÇA E (DES)APAREÇA

Uma explicação nada mágica para o sucesso deHarry Potter: sua jornada em Hogwarts é uma representação das dores do amadurecimento

Formação para a vida

Não por acaso, J. K. Rowling situou seu best-seller numa escola – a primeira e principal experiência social das crianças. Hogwarts é um lugar de iniciação, pois oferece as ferramentas para que o jovem encare a crise adolescente: uma visão crítica dos adultos, uma relação ambígua com limites, a curiosidade de descobrir tudo que é segredo…

Uma família de mentira

A convocação para ir a Hogwarts explora uma fantasia comum da infância: o desejo de pertencer a outros pais ou a outra família. É a mesma razão pela qual meninas brincam de ser princesas, por exemplo. No caso de Harry, seus “pais adotivos”, os Dursley, são uma grande decepção. Já os pais legítimos, Tiago e Lilian, por terem morrido, são idealizados

Você é o que quiser ser

A divisão das casas em Hogwarts simula o confronto entre vários modos de encarar a vida. Nos extremos, estão o “bem” (Grifinória) e o “mal” (Sonserina). O Chapéu Seletor é carregado de significados: ele mostra que a escola ou a vida propõem as regras, mas, no final, tudo depende das escolhas de cada um (como fez Harry ao querer ir para Grifinória)

Testralios

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O véu da morte

Testemunhar a morte de alguém próximo é considerada a experiência mais estressante e marcante na vida de uma pessoa. Quem sofre com o luto passa a enxergar o mundo com outros olhos – e essa dor pode até enlouquecer. Nos livros, ela é representada pelos testrálios, seres horríveis que Harry só passa a ver após a morte de Cedrico

A herança do mal

Nas relações construídas por J. K. Rowling,Harry tem ainda outras figuras paternas. Uma delas é Voldemort. Parte dele está no bruxinho – representando a maldade que todos temos e precisamos combater. Ele é um pai ditador, que impõe mais medo do que respeito em seus filhos, os Comensais da Morte. Já Minerva e Dumbledore criam Harry de maneira livre, permitindo que erre e aprenda

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Dementador

Luz e trevas

Os Dementadores personificam a depressão. Eles extraem de suas vítimas as lembranças felizes. Assim como a doença, eles não “causam” tristeza: apenas criam um clima ruim que nos reduz ao nosso pior estado. Já o Patrono é a herança de carinho deixada pelos pais para que possamos cuidar de nós mesmos. É a memória de ser amado, que traz segurança

Heroísmo silencioso

O professor Snape, que começa como opositor de Harry mas depois se revela um aliado, tem papel fundamental na formação dos jovens leitores. Quando crescemos, descobrimos que pais, tios e outras figuras da infância eram mais complexas do que pareciam. Snape mostra que todos cometemos bons atos ignorados e que também deixamos de valorizar grandes feitos dos outros

Sem pensar

Em A Câmara Secreta, o estado de transe de Gina remete ao das pessoas dominadas por uma neurose. Elas parecem mesmo enfeitiçadas: agindo impulsivamente, são destrutivas com si mesmas e com os outros. Esse enfeitiçamento é o que acontece, por exemplo, com diversas compulsões, como as alimentares, as sexuais ou as de consumo

MAIS TRÊS CURIOSIDADES

– Ao fim de cada ano letivo,Harry volta para a casa dos Dursley. É o fim da fantasia da pseudofamília, como voltar à realidade após um sonho

– Toda criança tem uma fase em que precisa se decepcionar com os pais, para perceber que eles não são infalíveis como imaginava

– Sempre “viajando”, Luna Lovegood representa o desejo de permanecermos alheios, infantilizados, sem encarar a realidade que nos oprime

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