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Como era a vida no Brasil da ditadura?

A economia foi bem por um tempo, mas a desigualdade aumentou muito

Por Tiago Cordeiro
Atualizado em 22 fev 2024, 10h39 - Publicado em 11 ago 2014, 19h02

Entre 1964 e 1985, o Brasil se modernizou, mas a desigualdade social aumentou, assim como a repressão política, a dívida externa e a inflação, que voltou a ser galopante nos anos 80. A economia do país também cresceu. Grandes obras viárias e de energia interligaram regiões antes isoladas, principalmente no Norte e no Centro-Oeste. Nas grandes cidades, a televisão virou a principal fonte de entretenimento das famílias e a classe média ganhou acesso inédito a casas, bens de consumo e educação – o número de matrículas em faculdades aumentou 13 vezes entre 1964 e 1981 e, entre 1970 e 1972, a população com automóvel passou de 9% para 12%. Mas essa fase de euforia teve um preço alto: alguns setores militares e da polícia se especializaram em torturar, matar e esconder cadáveres. A censura barrava o acesso à informação e forçava artistas a viver no exílio. E demorou para o povo retomar o hábito de ir às ruas para se manifestar e cobrar por seus direitos.

Altos e baixos

Economia nacional foi bem, mas a desigualdade social aumentou

(Davi Augusto/Mundo Estranho)

 

UM PAÍS PARA POUCOS
Entre 1967 e 1974, a economia cresceu, em média, 9,3% ao ano. A produção industrial disparou, as empresas multinacionais cresceram e o índice de desemprego despencou. O brasileiro se acostumou a comprar carro e a abastecer com álcool. Mas se, em 1964, os 20% dos cidadãos mais ricos detinham 55% das riquezas, em 1985 eles estavam com 70%

(Davi Augusto/Mundo Estranho)

INTEGRAÇÃO NACIONAL
Preocupado com a autonomia energética, o governo militar construiu usinas hidrelétricas de grande porte, como Itaipu, Tucuruí e Ilha Solteira. E, para integrar regiões distantes do país, multiplicou as estradas asfaltadas. Duplicou a via Dutra e construiu a ponte Rio-Niterói – mas também desperdiçou dinheiro com a Transamazônica

(Davi Augusto/Mundo Estranho)

REPRESSÃO POP
“Naquela época, se houvesse eleições, o Médici ganhava.” E quem disse isso, nos anos 90, foi o ex-presidente Lula, adversário do regime. Em tempo de pleno emprego, o governo era muito popular. Mas foi na mesma época que a ditadura alcançou o auge da repressão contra os militantes de oposição, que sequestravam diplomatas e assaltavam bancos

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(Davi Augusto/Mundo Estranho)

DRIBLE NA CENSURA
Jornais, revistas e emissoras de rádio e TV conviviam com censores nas redações. Alguns veículos driblaram as proibições de forma cifrada: foi o caso dos sonetos de Luís de Camões publicados pelo Estadão. Mas foram os jornais nanicos que melhor enganavam o regime, com destaque para O Pasquim e sua entrevista com a atriz Leila Diniz

(Davi Augusto/Mundo Estranho)

CULTURA AMORDAÇADA
A censura se especializou em perseguir artistas e produtores culturais. Chico Buarque chegou a adotar o pseudônimo Julinho da Adelaide para aprovar composições (deu certo). Na TV, a Rede Globo emplacou a novela O Bem Amado, de Dias Gomes. Mas a análise bem-humorada da política nacional teve 37 de seus 178 capítulos desfigurados

(Davi Augusto/Mundo Estranho)

90 MILHÕES EM AÇÃO
No governo Médici (1969-1974), a seleção de futebol levou o tri da Copa do Mundo em 1970, e no ano seguinte começou o Campeonato Brasileiro, com times de todas as regiões do país. Dizia-se que a escolha dos clubes que participariam do torneio seguia um ditado: “Onde a Arena (partido do governo) vai mal, um time no nacional”. Em 1974, a CBD (antecessora da CBF) era comandada por um almirante, Heleno Nunes, que interferia na convocação de jogadores para a seleção

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(Davi Augusto/Mundo Estranho)

DEMOCRACIA DE MENTIRA
Os brasileiros foram às urnas cinco vezes para eleger cargos legislativos. Já as eleições para cargos executivos eram indiretas – em três das cinco escolhas para presidente, a oposição teve candidatos simbólicos. Os vereadores, deputados e senadores eleitos não incomodavam: o poder executivo usou mais de 2 mil decretos-lei para governar

Fontes Livros A Ditadura Escancarada, de Elio Gaspari, História Indiscreta da Ditadura e da Abertura, de Ronaldo Costa Couto, e Cães de Guarda: Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988, de Beatriz Kushnir; site bnmdigital.mpf.mp.br

Consultoria Wilson Cano, professor de economia da Unicamp

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