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O que foi a geração beat?

Com o objetivo de se expressarem livremente e contarem sua visão do mundo e suas histórias, esses escritores começaram a produzir desenfreadamente

Por Thaís Sant’ana
Atualizado em 22 fev 2024, 10h49 - Publicado em 21 set 2011, 20h44

Foi um movimento literário originado em meados dos anos 1950 por um grupo de jovens intelectuais que estava cansado do modelo quadradinho de ordem estabelecido nos EUA após a Segunda Guerra Mundial. Com o objetivo de se expressarem livremente e contarem sua visão do mundo e suas histórias, esses escritores começaram a produzir desenfreadamente, muitas vezes movidos a drogas, álcool, sexo livre e jazz – o gênero musical que mais inspirou os beats. Mais do que escrever, esse grupo de amigos tinha interesse em estar sempre junto, compondo, viajando, bebendo e, por vezes, transando em grupo.

O beat chegou a outras formas de arte, mas com menos impacto. Na literatura, durou entre 1944 e 1959

Como era…

As características do movimento:

– Intensidade em tudo: no estilo narrativo, nos temas, nos personagens

– Escrita compulsiva

– Fluxo de pensamento desordenado, por vezes caótico

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– Linguagem informal, cheia de gírias e palavrões, ou com o chamado “hip talk” (um vocabulário típico do submundo marginal da cidade de Nova York)

– Grande valorização da transmissão oral

– Apoio à igualdade étnica, à miscigenação e às trocas culturais entre raças

– As 10 manias mais curiosas de escritores famosos

– Quais são os escritores mais ricos do mundo?

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O ícone

JACK KEROUAC (1922-1969)

Principal obra: On the Road (1957)

Seu mais importante livro, que viria a se tornar a “Bíblia hippie”, fala sobre sua viagem de sete anos cruzando os EUA, com descidas frequentes ao México. Kerouac o redigiu em apenas três semanas, com uma máquina de escrever e dois rolos de papel (para não ter de parar para colocar novas folhas na máquina). Seu “estilo-avalanche”, sem preocupação com pontuação e parágrafo, foi estimulado pelo uso de benzedrina, um tipo de anfetamina.

O poeta

ALLEN GINSBERG (1926-1997)

Principal obra: Uivo e Outros Poemas (1955-1956)

Ideólogo, pensador e agitador do movimento, foi também o responsável pela chamada “extensão” do beat às gerações futuras. Diz-se até que foram seus cabelos compridos, sua barba e suas batas coloridas (adquiridas em uma viagem à Índia) que teriam inspirado o típico visual dos hippies. Para compor suas poesias, provou todo tipo de droga (até distribuiu LSD nas ruas!), mas depois “viciou-se” em ioga e meditação.

O junkie

WILLIAM BURROUGHS (1914-1997)

Principal obra: Almoço Nu (1959)

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Foi o que mais sofreu com as drogas – passou por várias reabilitações e tratamentos. Em uma viagem ao México, tentou acertar um tiro em um copo equilibrado sobre a cabeça de sua mulher, Joan Vollmer, mas acabou matando-a. Veio à América do Sul estudar o alucinógeno vegetal ayahuasca e também iniciou (mas não completou) vários manuscritos sobre a homossexualidade

O editor

LAWRENCE FERLINGHETTI (1919-)

Principal obra: Um Parque de Diversõesda Cabeça (1958)

É o maior expoente vivo do beat, talvez por nunca ter levado o mesmo estilo de vida desenfreado que os outros. Sem sua coragem, nunca conheceríamos as loucuras de seus colegas: sua editora, a City Lights, publicou as principais obras do movimento. Algumas lhe deram muita dor de cabeça – ele chegou a ser preso após lançar Uivo, acusado de obscenidade.

O rebelde

GREGORY CORSO (1930-2001)

Principal obra: Bomb (1960)

Abandonado pela mãe ainda recém-nascido, passou por vários lares adotivos e orfanatos até ser preso, na adolescência, por furto. Na cadeia, tornou-se autodidata e descobriu a literatura. Foi o mais jovem dos beats e, assim como seu amigo Ginsberg, que o introduziu ao grupo, tornou-se poeta. Revoltado e insubordinado, também chegou a ser internado em um hospício mais de uma vez

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…e como ficou:

Onde você encontra a influência deles:

– Nos movimentos estudantis e na onda hippie dos anos 60, que herdaram causas como a ecologia e o amor livre;

– Na liberação feminista e no movimento homossexual, em parte consequências da luta dos beats pela liberdade sexual;

– Em canções de Bob Dylan e Jim Morrison e em filmes de Wim Wenders e Jim Jarmusch;

– No punk rock, considerado uma retomada do espírito beat por sua verve selvagem, espontânea e contestatória

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“On the Road” vai virar filme nas mãos do brasileiro Walter Salles, com Kristen Stewart (Crepúsculo) e Kirsten Dunst (Homem-Aranha)

“Beatnik” não é um sinônimo, mas um termo depreciativo criado pela mídia da época para designar jovens que copiavam o estilo beat

Para saber mais: As histórias mais loucas de Kerouac e sua turma foram adaptadas por grandes quadrinistas na graphic novel “Os Beats”, lançada em 2010.

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