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Como é contido um vazamento nuclear?

Além de evacuar a área ao redor da usina, é preciso resfriar imediatamente o reator para que sua blindagem seja remendada

Por Natália Daumas
Atualizado em 22 fev 2024, 10h50 - Publicado em 2 Maio 2011, 20h03

Depois de desocupar a área, é preciso resfriar o reator até que se possa fazer um “remendo” na estrutura afetada. Caso contrário, ele funcionaria como uma panela de pressão lacrada, que acabaria explodindo. Foram essas as medidas adotadas pelos japoneses para lidar com o vazamento na usina de Fukushima, a 250 km de Tóquio. O drama ocupou manchetes no mundo todo desde que o terremoto de 11 de março de 2011 afetou a edificação e permitiu a liberação de material radioativo na atmosfera, ameaçando a população do Japão e de nações próximas. O vazamento em Fukushima liberou uma radiação oito vezes maior que a exposição máxima sofrida pelos trabalhadores da usina em um ano todo! Nas proximidades da usina, uma hora sem proteção poderia causar náuseas e mudanças nas células sanguíneas. Parte da água usada para resfriar Fukushima retornou, contaminada, ao mar. Outra parte foi recolhida para ser tratada e isolada como rejeito radioativo.

OPERAÇÃO TAPA-BURACO
Principal obstáculo ao conserto é o aquecimento descontrolado do reator

1. Em uma usina nuclear, usa-se o potencial energético do urânio, plutônio, césio, tório ou cobalto. Quando os átomos do elemento químico se separam (fissão nuclear), a energia aquece a água ao redor do núcleo do reator. Isso gera vapor, que faz as turbinas se moverem. E o giro das turbinas é convertido em energia pelos geradores

2. O terremoto japonês afetou os reservatórios de água, que ajudam a controlar o aquecimento provocado pelo urânio. A temperatura subiu intensamente, derretendo as barras metálicas que concentram os elementos radioativos. Esse calor prejudicou as camadas de blindagem da usina, que servem justamente para evitar um vazamento

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3. Em casos como este, a primeira medida é desocupar a área contaminada. O tamanho dessa área depende da quantidade de material lançado no ar e das condições climáticas de cada país – como a velocidade e a direção do vento. No Japão, a retirada de pessoas começou com um raio de 3 km e depois subiu para 20 km

4. As usinas contam com equipes preparadas para atuar em situações de emergência. Seu equipamento inclui máscaras para a filtração do ar e roupas impermeáveis, que evitam a contaminação de pele. Além disso, o tempo de exposição à radiação deve ser controlado em turnos de, no máximo, cinco horas diárias

5. A primeira providência efetiva para conter o vazamento é resfriar o reator. A temperatura da água em contato com o urânio precisa ficar abaixo dos 100°C para interromper o processo de ebulição. É por isso que se joga mais água no reator. No Japão, foram usados caminhões-pipas, bombas de pressão e até helicópteros

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6. Enquanto a temperatura não for controlada, é impossível “remendar” as fissuras na blindagem do reator. O conserto é feito com aço e concreto. Mas, mesmo assim, a usina jamais poderá funcionar novamente, devido ao risco de novos acidentes. O material radioativo também não pode ser passado para outra usina

MAL INVISÍVEL
Radioatividade provoca mutações celulares graves

Os elementos radioativos liberados na atmosfera se misturam no ar, na água e na terra e são absorvidos pelo homem sem serem notados. Eles podem alterar a estrutura das células, destruindo seu núcleo e causando doenças graves, como: fibrose nos pulmões, pneumonia, sangramento no estômago e sangramento no intestino. A radiação também reduz o número de anticorpos em até 50%, o que aumenta o risco de infecções. Há alguns tratamentos de emergência. Comprimidos de iodeto saturam a glândula tireoide com iodo natural, evitando que as partículas se fixem ali e provoquem um câncer. E o remédio conhecido como azul da prússia absorve o elemento radioativo, fazendo-o ser eliminado nas fezes e na urina câncer de tireoide.

Em quantidades muito menores do que a liberada em acidentes nucleares, a radiação pode ser uma aliada da nossa saúde. Ela é empregada pela radioterapia, por exemplo, para destruir células de um tumor cancerígeno. Nas radiografias, os ossos absorvem a radiação e permitem que os médicos descubram possíveis fraturas. E, nas indústrias, ela pode ser usada para medir a vazão de líquidos e a espessura de materiais.

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CONSULTORIA Matias Puga Sanches, supervisor de proteção radiológica do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen); Luís Antônio Albiac Terremoto, pesquisador do Ipen; Agência Internacional de Energia Atômica; Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD)

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