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Quais os códigos usados na pichação?

Os grupos de letras são abreviações e funcionam como logotipos

Por Bruno Lazaretti
Atualizado em 7 mar 2024, 09h24 - Publicado em 11 mar 2014, 14h17

São símbolos e siglas empregados para identificar o autor da obra. Uma pichação é essencialmente a assinatura de um grupo de pichadores, a turma. Pode conter o nome dela, a abreviação dos apelidos dos integrantes e dados como região e data. As turmas se relacionam de maneira amistosa ou hostil entre si, e isso também fica marcado nas paredes (veja nosso guia abaixo). Existem turmas tradicionais que surgiram na década de 90 e perduram até hoje: ou porque um de seus membros nunca parou de pichar (sim, existem pichadores com mais de 40 anos), ou porque ele selecionou algum sucessor para carregar o nome para a frente. Criado na cidade de São Paulo nos anos 80, o estilo mais popular é chamado de pichação reta e é respeitado por todos os adeptos. É vandalismo, sim, com marca registrada.

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Mensageiros do muro

Conjunto de inscrições é feito sempre na mesma ordem, e serve para o grupo se afirmar e ganhar respeito

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ROLÊ DO SPRAY

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A inscrição da turma é a principal na pichação reta. Turmas são grupos de pichadores que usam uma marca em comum e fazem “rolês” (saídas para pichar) juntos. Os nomes são difíceis de ler, mas dá para decifrar com alguma prática. A marca da turma não varia e todos os membros têm que saber reproduzi-la com perfeição

A UNIÃO FAZ A FORÇA

Os grupos de letras são abreviações e funcionam como logotipos. O primeiro elemento da ordem, da esquerda para a direita, é o logo da “grife”. Esse é o nome dado a um grupo composto de várias turmas aliadas. É praticamente impossível deduzir o nome pelo logo: só quem picha sabe, de cabeça, identificar uma grife. Mas nem sempre a turma faz parte de uma

É NÓS NA TINTA

A seta significa duas coisas: primeiro, indica que a relação de duas turmas (a que aponta e a que é apontada) é de amizade. Segundo, significa que ambas fizeram o “rolê” juntas, e picharam uma seguida da outra. Em outras palavras, a seta deve ser lida como uma vírgula – como aconteceram na mesma hora, as pichações devem ser lidas sequencialmente

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MARCA PESSOAL

Cada indivíduo que participa do picho também assina suas iniciais, geralmente entre as letras da turma ou no lado superior direito. Essas iniciais podem ser abreviações, siglas ou mesmo logotipos. Algumas são decifráveis (“MRC”, por exemplo, é uma abreviação de “Marcos”), outras não. Pichadores datam a pichação para ver quanto ela vai durar

EM TERRA FIRME

A modalidade mais simples de pichar é com os pés no chão. Em vez de escalar prédios e estruturas, quem faz do chão tenta alcançar mais alto com o chamado “jeguerê”: uma escadinha humana de até quatro pessoas em pé nos ombros uma da outra e apoiando as mãos na parede. Comparado a outras modalidades, é relativamente seguro

RISCO ELEVADO

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Nas pichações de “pico”, no topo dos prédios, membros da turma sobem pelos cabos dos para-raios ou pelas próprias escadas internas. São geralmente feitas com rolos de tinta. Quando se usa spray, dá para distinguir de uma pichação “janela” porque o fumê fica na parte de baixo.

PROEZAS SUICIDAS

“Escalada” ou “janela” é a modalidade que mais tira a vida de pichadores. O desafio é escalar prédios pelas janelas das fachadas, na alta madrugada, o mais alto possível. Os pichos são feitos com eles geralmente dependurados ou se esticando, então as partes mais .altas da assinatura ganham um efeito fumê, sinal de que o spray estava mais longe da parede

TRETA NO PAREDÃO

Colocar sua pichação acima da dos outros é uma forma de dizer que você teve mais ousadia e escalou mais alto – isso é chamado de “quebra”, uma tiração de sarro inocente. Insulto mesmo é o “atropelo”: pichar em cima da assinatura de outra turma. É um convite à violência, um insulto gravíssimo que acaba em briga ou morte

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ATENÇÃO!

Pichar, além de perigoso, é crime, segundo a lei federal 9.605/98, com pena de 3 meses a 1 ano de prisão

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Curiosidades

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Quando todos os membros da turma estão juntos, a abreviação usada é “TDS”, de “todos”

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Quando uma turma picha em uma região que não é a sua, ela indica a sua procedência com siglas: “ZL” é “zona leste” e assim por diante

Não há uma modalidade mais importante que outra. A reputação dos pichadores vem da quantidade: quanto mais lugares pichados, mais notados eles são

Linha evolutiva

Os cinco tipos de intervenção gráfica, em ordem de sofisticação

Xarpi

Originárias do Rio de Janeiro, essas pichações também são conhecidas como “carioquinhas”. Feitas com giz ou carga de caneta, são assinaturas individuais e ilegíveis

Pichação Reta

A mostrada abaixo. Começou como uma adaptação dos títulos de banda de metal dos anos 80 e evoluiu para um conjunto de regras, estética e códigos

Grapixo

Uma pichação reta estilizada como grafite, com várias cores. É uma maneira de despistar a polícia com o argumento de que “Não é pichação, é arte de rua”

Tag

Surgida em Nova York nos anos 80. É a criação de uma assinatura muito estilizada de um artista individual. A complexidade varia com o tempo disponível para o trabalho

Grafite

Há quem argumente que o primeiro da história foi feito na cidade de Éfesos, em 4 a.C. Mesmo que suas raízes estejam no vandalismo, tem se tornado mais mainstream

Consultoria João Cunha, ex-pichador e artista gráfico

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