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A origem sangrenta dos contos de fadas, parte 5: Folclore brasileiro

Personagens da cultura popular e da literatura infantil nacionais também tiveram seus elementos mais barra-pesada amenizados ao longo do tempo

Por Tiago Jokura
Atualizado em 22 fev 2024, 10h34 - Publicado em 6 nov 2015, 14h02
(Eduardo Belga/Mundo Estranho)

VAMPIRÃO PERNETA

Baseado em depoimentos populares, o escritor Monteiro Lobato publicou um “retrato falado” do saci-pererê em 1917. Na época, além de travesso, o figura de uma perna só ainda aparecia chifrudo e com dentões pontudos para sugar o sangue de cavalos. E ai daquele que o ofendesse: era morto a cócegas ou a porretadas!

DO PÉ VIRADO

O curupira que conhecemos é caracterizado como o protetor da floresta, que tem os pés invertidos (calcanhar na frente e dedos atrás) para despistar quem o segue. Mas, hoje, ninguém fala que ele supostamente não tem orifícios para evacuar (eca!) nem que açoita e mata pessoas no mato ou encanta criancinhas

MULHER DO PADRE

A punição é implacável: caso uma mulher transe com um padre, vira mula sem cabeça. Mas, se a criatura que solta fogo pelo pescoço já é assustadora em si, nas primeiras versões do conto, são reveladas as cenas em que, em certas noites, ela sai em disparada estraçalhando, com seus cascos afiados, os homens que lhe cruzam o caminho

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ESCRAVO DE DÓ

A história do Negrinho do Pastoreio surpreende por não ter tido nada amenizada. A lenda é nua e crua, assim como a pele do escravo de 14 anos que, por perder um cavalo, é chicoteado pelo dono e amarrado todo ensanguentado sobre um formigueiro até morrer! O “relax” só vem no fim, quando sua alma é salva e ele vira um fantasma de pele lisinha, sem marca das torturas

CAVEIRÃO PAPÃO

A cuca “de verdade” não tem nada a ver com a bruxa-jacaré meio trapalhona do Sítio do Picapau Amarelo. Na origem, ela é uma velha apavorante que captura crianças e enfia num saco. Seu nome é derivado de termos como coca e coco, usados antigamente na Espanha e em Portugal para designar coisas como demônios e caveiras

MENINO DO RIO

No Norte é famosa a história do boto-cor-de-rosa, um parente do golfinho que, à noite, vira homem e sai para conquistar donzelas nos bailes. Em geral, o máximo que rola é uma gravidez aqui, outra acolá. Nas versões mais pesadas, porém, há botos mortos com tiros ou porretadas por galantear a mulher alheia – incluindo alguns com a cabeça aberta, exalando um baita cheiro de cachaça

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ENCANTO PROFUNDO

A iara, uma sereia morena que encanta marmanjos com seu canto nos rios amazônicos, já foi uma bela índia, que pagou caro pela formosura e pela liderança dentro da família. Uma versão do conto descreve como ela tem que matar os irmãos invejosos em defesa própria, mas acaba sendo jogada no rio pelo pai como castigo. Por isso, seduz os caras a mergulharem e virarem petiscos no fundo dos rios

POZINHO MÁGICO

Já imaginou uma história infantil em que a criançada cheirasse um pozinho para curtir a maior viagem no tempo e no espaço, aprontando todas? Nas primeiras versões do Sítio do Picapau Amarelo era assim. Só mesmo nos anos 70 é que o pó de pirlimpimpim passou a ser jogado na cabeça dos personagens. O motivo? Não remeter ao consumo de cocaína…

Essa é a parte 5 da matériaA Origem Sangrenta dos Contos de Fadas. Confira as outras versões:

Chapeuzinho Vermelho
Bela Adormecida
Branca de Neve
A Princesa e o Sapo e Os Três Porquinhos
Cinderela
Alice no País das Maravilhas
João e Maria
A Pequena Sereia

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FONTES ArtigoSaci, de Monteiro Lobato: Um Mito Nacionalista, de Miriam Stella Blonski (UFMG); Dicionário do Folclore Brasileiro e Geografia dos Mitos Brasileiros, de Câmara Cascudo

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