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Qual a origem do saci e de outros seres do folclore brasileiro?

Mitos como o do Boitatá também aparecem em países europeus

Por Cíntia Cristina da Silva
Atualizado em 22 fev 2024, 11h11 - Publicado em 18 abr 2011, 18h50

Não dá para determinar com precisão a origem do saci e dos vários outros seres do nosso folclore. É que essas criaturas mágicas nasceram de um emaranhado de civilizações diferentes, unindo até mitos indígenas com lendas europeias.

Mas, segundo o grande folclorista Câmara Cascudo, que pesquisou a história dos mitos nacionais na obra Dicionário do Folclore Brasileiro, os primeiros relatos sobre o saci são do século 19. Comprovando que tais criaturas são fruto de uma grande mistureba cultural, Cascudo especula, por exemplo, que o gorro vermelho do saci possa ser uma herança romana, enquanto sua personalidade gozadora e zombeteira possivelmente seja uma influência do folclore português.

É ainda mais difícil precisar a origem desses seres porque eles são apresentados de maneiras diferentes em cada região do Brasil. As descrições do curupira, por exemplo, uma lenda muito difundida entre os índios, variam até mesmo dentro de um só estado. “É calvo, com o corpo cabeludo, no rio Negro (AM) (….) Dentes azuis ou verdes e orelhudo no rio Solimões (AM), sempre com os pés voltados para trás e de prodigiosa força física”, escreveu o pesquisador e folclorista Barbosa Rodrigues.

Esse relato, citado por Câmara Cascudo no Dicionário do Folclore Brasileiro, dá uma bela amostra dessa confusão toda. O curioso é que algumas lendas indígenas, como a do boitatá e a da Iara, lembram lendas europeias da Antiguidade – apesar de terem surgido bem antes de essas diferentes culturas se misturarem. “O mito é uma linguagem universal e as variações dele são expressões das formas inconscientes do espírito humano”, diz a antropóloga Lúcia Helena Rangel, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

(Mercadante/Mundo Estranho)

1. IARA
Nas noites de Lua cheia, uma criatura de canto deslumbrante, metade mulher, metade peixe, se exibe nas pedras do rio Amazonas, alisando sua longa cabeleira com um pente de ouro. Apesar de lembrar o mito das sereias europEias, a lenda da Iara (ou mãe-d’água) surgiu entre os índios. Ela também pode assumir a forma humana para seduzir suas vítimas e levá-las para o fundo do rio

2. CURUPIRA
Na descrição mais comum, ele é um anão de cabelos cor de fogo, que tem os pés invertidos, com os calcanhares para a frente. A lenda do curupira é um mito dos índios tupis-guaranis e já era citada em textos do padre José de Anchieta no ano 1560. A criatura é considerada um severo protetor das árvores das florestas

3. SACI-PERERÊ
O menino de uma perna só é uma entidade zombeteira que costuma andar por florestas e fazendas criando confusão, assustando viajantes e aprontando outras traquinagens. Os primeiros registros sobre ele são do século 19. Um personagem similar – que às vezes era visível, outras vezes invisível – aparece também no folclore português

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4. BOITATÁ
Em 1560, o padre José de Anchieta também escreveu sobre esse “fantasma” que perseguia os índios. O boitatá era uma alma penada na forma de uma imensa serpente de fogo que punia com a morte quem destruísse as florestas. Esse é um mito comum a outros países, como França e Alemanha, pois corresponde ao fenômeno do fogo-fátuo – chama que emana do solo graças à combustão espontânea de alguns gases

5. CAIPORA
Em algumas regiões do Brasil, as figuras do caipora e do curupira se confundem. Em outras, porém, este ser é apenas um parente do curupira. Por causa dessa “dupla personalidade”, as descrições do caipora variam bastante. No Maranhão, ele é um índio escuro e rápido. No Ceará, tem cabelo eriçado e olhos de fogo. Quando não é confundido com o curupira, tem os pés normais e gosta de cachaça e fumo. É protetor dos animais

6. MULA-SEM-CABECA
Nas noites de quinta para sexta-feira, a amante de um padre vira uma mula-sem-cabeça para pagar seus pecados. Ela lança fogo pelas narinas e pela boca – ué, não era sem cabeça?!. Acredita-se que o mito tem origem europeia e que nasceu por volta do século 12, podendo ter sido inspirado no fato de os clérigos usarem a mula como meio de transporte antigamente. Essa lenda também é comum na Argentina e no México

7. BOTO
Um boto (um tipo de golfinho) que frequenta a região amazônica se transforma em um rapaz bonito que adora dançar e beber cachaça. Ele vai a bailes para seduzir as jovens locais. Depois de encantar uma moça, o boto a leva para um riacho próximo e a engravida. Os primeiros registros da lenda são do século 19. No folclore do Pará, o boto costuma ser responsabilizado pelas crianças que têm paternidade desconhecida

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