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Existem raças de cachorro em risco de extinção?

Sim, pelo menos 29, segundo a Confederação Cinológica Internacional

Por Marcelo Testoni
Atualizado em 22 fev 2024, 10h31 - Publicado em 16 dez 2015, 10h46

Sim, pelo menos 29, segundo a Confederação Cinológica Internacional, responsável por certificar cães por pedigree. Não existe um método científico ou prova definitiva para definir a extinção – a Confederação se baseia em registros fornecidos por canis. Para medir a população de uma raça, valem apenas os indivíduos puros, que não tenham outras misturas na linhagem (a não ser que isso tenha sido feito sob rigoroso controle científico). Por isso, vira-latas não contam.

Os motivos da extinção variam dependendo do período histórico. No passado, por exemplo, a queda do feudalismo provocou uma drástica redução de perdigueiros, raça usada como caçadora de perdizes. Hoje, o tráfico de carne de cachorro, a proibição de raças violentas e o fim de modismos são as principais ameaças.Cerca de 340 raças caninas são conhecidas hoje – outras 40 foram extintas só ao longo do século 20.

As raças nos boxes abaixo são consideradas em perigo de extinção por terem só 300 indivíduos (ou menos) registrados por criadores

Canil à la carte – Raças ameaçadas devido à predação para alimentação

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Na Tailândia, raças estão ameaçadas por abastecer os mercados de carne da China e do Vietnã. Por ano, são contrabandeados cerca de 1 milhão de animais. Na Indonésia, Filipinas e Malásia, cães também vão para a mesa, porém só no inverno e em festas de fim de ano

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  • CÃO CHINÊS DE FU – Guardiões dos templos, eram sacrificados para afastar os maus espíritos. Hoje, resistem apenas no norte da China
  • CHOW CHOW – Em queda na China, seu país de origem, tem a carne apreciada na Manchúria e na Mongólia. Linhagens puras são preservadas em mosteiros
  • JINDO GAE– Isolados numa ilha da Coreia do Sul, centenas desses cães são protegidos por lei para não terminarem como sopa na Coreia do Norte
  • FORMOSAN – Declarada extinta quatro vezes, a raça não é comida em Taiwan desde 2004. O governo proibiu seu consumo após sobrarem só 46 exemplares
  • CÃO DE CRISTA DORSAL – Nativo da Tailândia, foi atestado valioso em 2003. Desde então, esforços são feitos para procriar menos de mil cães isolados
  • PUNGSAN – Típicas de geleiras, as centenas restantes têm como inimigos os tigres siberianos e os chefs de restaurantes afrodisíacos
  • POI HAVAIANO (EXTINTO) – Esse cão troncudo e de focinho curto lembrava um porco. Era uma caça fácil nas ilhas do Pacífico e desapareceu com a saciedade dos índios polinésios

Nem com focinheira – Raças ameaçadas por terem sido banidas

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Frutos de cruzamentos quase sempre provocados pelo homem, os cães de ataque são ameaçados pelas proibições. Países como Inglaterra e Dinamarca já baniram algumas raças e intensificaram o controle de quem cria as que sobraram. Na Oceania, cachorros ferozes vindos do exterior são proibidos e, no Brasil, há projetos para vetar pit bulls e rottweilers

  • TOSA INU – O instinto de briga presente nesta raça japonesa é o que a impede de retornar à Austrália. Por lá, sucumbiu entre as décadas de 1930 e 1950
  • FILA BRASILEIRO – Ilegal na Nova Zelândia e Trinidad e Tobago, é um exterminador da fauna silvestre. Nos últimos 30 anos, a população caiu para menos da metade
  • CANE CORSO – Bestas de arena, esses cães de caça não são estimados no norte da Europa e foram quase extintos na década de 1970. Restam poucos no sul da Itália
  • CÃO-LOBO – Nome genérico para as raças quase selvagens malamute e esquimó canadense, crias de cães com lobos. Restam menos de 300 no Alasca
  • BOERBOEL – Derivada dos mastins, essa raça enfrenta touros e cavalos. Em 1983, foram registrados 72 cães na África. Na Dinamarca, desapareceram em 2010
  • DOGUE CANÁRIO – Silencioso e ágil como um gato, vem decaindo desde 1970. Repelidos da Noruega, centenas deles patrulham sítios nas Ilhas Canárias
  • ANTIGO BULDOGUE INGLÊS(EXTINTO)– A primeira leva dessa raça no mundo era ágil e tão feroz que o Vaticano a considerava uma afronta. Proibida na Europa, sumiu no início do século 20

Altos e baixos da fama – Raças ameaçadas por terem saído de moda

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A maioria das raças puras só sobrevive graças a criadores. Após surtos de procura por parte dos compradores, os criadores partem para outras variedades e o animal some. Cães de caça e pastoreio estão em baixa desde o fim das monarquias. E os totós lançados na Era de Ouro de Hollywood, como o sealyham terrier e o welsh corgi, tentam resistir à indiferença do grande público

  • STABYHOUN – Em 2011, foram contados pouco mais de 3 mil em fazendas do norte da Holanda. Caçadores ricos os mantinham para perseguir raposas
  • OTTERHOUND – Nos anos 70, com a proibição da caça à lontra no Reino Unido, essa raça de esporte quase se perdeu. Mil exemplares vivem adaptados em casas
  • PODENGO PORTUGUÊS – Em 2009, haviam restado só 500 cães da versão pequena no Reino Unido – a maior concentração no mundo. Eram mascotes das expedições imperiais
  • PASTOR DA MANTIQUEIRA – Descendentes de cães de boiada europeus, escoltavam desbravadores pelas serras brasileiras. Restam centenas
  • SKYE TERRIER – Eficaz no controle de pragas do século 19, o xodó da rainha Vitória da Inglaterra pode sumir em 40 anos. Em 2005, apenas 30 nasceram no mundo
  • SEALYHAM TERRIER – Nos anos 60, essa raça caiu nas graças de astros como Elizabeth Taylor e Alfred Hitchcock. Em 2008, haviam sobrado 43
  • PAISLEY TERRIER(EXTINTO)– Cachorro de colo das madames da Era Vitoriana, esse pequeno caçador de ratos perdeu o posto no final do século 19 para os yorkshires

Em busca do rex perdido – Três raças que foram salvas a partir de poucos sobreviventes ou de linhagens próximas

  • TOY TERRIER INGLÊS -Amantes desta raça, monitorada desde os anos 50, realizaram em 2003 inseminações artificiais entre cães dos EUA e da Inglaterra para que ela não acabasse
  • SETTER IRLANDÊS -No século 19, só o padrão de pelo ruivo era aceito. Ele se extinguiu, mas foi retomado após a 2ª Guerra Mundial graças a genes puros encontrados em cães malhados
  • SAPSALI -Massacrada pelo Japão em 1945, esta variedade coreana driblou a extinção em 1990. Vacinas contra vírus gestacionais garantiram a fecundação de 50 cães

PERGUNTA DO LEITOR Arthur Dementshuk Lengler, Porto Alegre, RS

FONTES O Estado de S. Paulo, VEJA, The Guardian, CNN, The Global Mail, Confederação Brasileira de Cinofilia, Clube de Canis do Reino Unido e livro Cães – Guia Ilustrado, de Bruce Fogle

CONSULTORIA Eduardo Braghirolli Zaneli, proprietário do canil Yegane e médico veterinário pela USP, e Gabriela Peyon, terapeuta e criadora de cães no canil English Angels Kennel

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