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Os dinossauros tinham sangue quente?

Eles tinham sangue quente, frio ou os dois? A resposta pode ajudar a resolver um enigma evolutivo de milhões de anos

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h37 - Publicado em 31 Maio 2007, 22h00

Rafael Kenski

Em 1842, quando o anatomista inglês Richard Owen estudou ossos fossilizados de 3 espécies de mais de 65 milhões de anos, concluiu que eles formavam um grupo à parte. Por possuírem traços anatômicos mais semelhantes aos dos répteis – como o formato das mandíbulas – Owen batizou-os de “dinossauros”, termo em latim para “terríveis répteis”. Na falta de detalhes sobre a espécie, os cientistas os trataram por mais de um século como lagartos: animais que colocavam ovos, eram cobertos de escamas e não produziam calor por conta própria, mas o retiravam do ambiente. Eram, portanto, pecilotermos, ou seja: tinham “sangue frio”.

Répteis com Penas?

Mas até mesmo Owen percebera que os dinos não eram exatamente répteis. E, desde a década de 1960, cientistas discutem se eles tinham ou não sangue quente. Hoje, quando conhecemos 527 gêneros de dinos, ainda há polêmica sobre a fisiologia desses bichos.

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Animais de sangue frio costumam ter um metabolismo lento e inconstante. Por dependerem do calor do sol, precisam ficar parados até se aquecerem. Eles não são capazes de manter uma atividade física constante e acelerada. Podem até ser ágeis, mas por pouco tempo. Já os animais de sangue quente, ou homeotermos, como os mamíferos e as aves, produzem calor com as próprias células, preservam-no com pêlos e penas e, assim, conseguem manter sempre a mesma temperatura no corpo. Eles precisam ingerir bem mais comida para produzir esse calor, um preço aceitável para ter as células sempre na temperatura ideal e poder fazer atividades físicas sempre que necessário.

Ao que parece, o estilo de vida dos dinos está mais próximo do segundo grupo. Em primeiro lugar, eles tinham postura ereta como pássaros ou elefantes – e não rastejante como os lagartos. Se fossem de sangue frio, talvez não conseguissem sequer levantar todo o peso pela manhã – manter-se de pé é um esforço contínuo típico de mamíferos e aves. Além disso, alguns fósseis foram encontrados em regiões polares, onde a temperatura seria baixa demais para que um animal de sangue frio retirasse calor do ambiente. Essas evidências foram reforçadas com o estudo da taxa de crescimento desses animais – o tiranossauro, por exemplo, atingia o mesmo tamanho de um elefante, no mesmo tempo, um desenvolvimento nunca visto em animais de sangue frio – e com a análise de partes moles preservadas dentro dos ossos de dinossauros, semelhantes às de mamíferos e aves.

A principal defesa do argumento acima veio de Liaoning, província da China onde foram encontrados, na última década, fósseis de dinossauros com penas. Como os cientistas acreditam que as penas servem para preservar o calor, essa seria uma prova de que eles tinham sangue quente. Agora eles acreditam que esse grupo de dinos – os terópodos, bípedes e carnívoros, como o tiranossauro – sejam os ancestrais das aves, com um metabolismo semelhante ao dos modernos pássaros.

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Mais complicado é imaginar como seria a fisiologia dos saurópodos, dinossauros quadrúpedes, herbívoros e de pescoço longo que chegavam a pesar mais de 80 toneladas. Se tivessem o mesmo metabolismo dos mamíferos, eles não conseguiriam ingerir as calorias necessárias para sobreviver mesmo que passassem o dia comendo.

Ao que parece, o metabolismo dos dinossauros está em um ponto entre os mamíferos, as aves e os répteis. “Muitos pesquisadores têm falado da existência de uma fisionomia tipicamente dinossauriana, próxima da homeotermia, mas não exatamente igual a ela”, diz Reinaldo Bertini, paleontólogo da Unesp, em Rio Claro, São Paulo. Ou seja: eles teriam um metabolismo acelerado como o de aves e mamíferos, mas conseguiriam alterná-lo com algumas características típicas de répteis.

O tataravô dos pássaros

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O fóssil abaixo, estimado em 220 milhões de anos, foi descrito por pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon, nos EUA, como o do mais antigo animal com penas já encontrado. A espécie, que vivia na Ásia Central, reforçou a tese de que esses dinossauros foram os ancestrais dos pássaros – o que derruba a velha teoria de que eles tinham o metabolismo igual ao dos répteis.

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